Biografia Serious Business

Todo mundo que tem uma relação íntima com música começa a se "alimentar" dela desde cedo. Minha avó tocava piano e eu me lembro dela me falando desde muito cedo que sem música não é possível viver. É uma das lembranças mais antigas que tenho. E sempre respeitei essa colocação dela.

De qualquer forma, nunca tive vontade de tocar piano. Quando mais novo, por volta dos 8 ou 9 anos, eu realmente queria apredender flauta transversa. Lembro de pedir e pedir para aprender, mas é um instrumento relativamente caro e meus pais não queriam arriscar grana numa suposta febre que logo passaria. Aí entrei pro judô, né?

- so much drama - ahaha, mas isso eu conto depois.

Bem, a primeira música que despertou meu interesse na vida (que eu lembre) foi Oricono Flow, da Enya. Eu tinha 3 ou 4 anos quando ela foi tema de uma novela, me perseguindo pelas rádios até meus 12 anos, quando descobri a artista e aos poucos completei toda a discografia. Apesar de não fazer música tradicional, a Enya utilizava sonoridades inovadoras para sua época, além de instrumentos meio diferentes como a harpa, a gaita de foles irlandesa, flautas etc...

A partir daí tudo começou a vir naturalmente através de fuxicação em lojas de cd, fazendo coisas como comprar cd porque a capa é bonita (mas também já me dei mal fazendo isso rs) ,indicações de vendedores em lojas e internet. Descobri bandas como Secret Garden, artistas como Loreena Mckennitt, ERA e outras coisas indo para o lado 'new age'... Indo um pouco mais além, me interessei pelo Hevia (gaitero espanhol que teve um hit em 1999 tocando por todos os lados: Busindre Reel). Esse interesse me levou a escutar a música celta da Galícia, feita por Luar na Lubre e Milladoiro. E estes sons por sua vez me levaram a procurar canções antigas, música medieval etc... Tudo isso ia muito ao encontro de gostos pessoais por cultura celta, história, misticismo etc.

Bem, paralelamente a estes interesses musicais, uma banda específica chamou minha atenção. Eu tinha 14 anos e estava de férias quando vi na MTV o comercial do cd que na época era o novo trabalho do The Corrs.

Esse tal comercial é um mistério e eu nunca mais vi. Ainda assim, foi o suficiente. Eu apenas vi o violino apoiado no colo da Sharon. Só isso. Não ouvi ela tocar, mal ouvi a música do comercial (na verdade a música era 'Radio', e o video foi tirado do EPK do In Blue, que rola no dvd Live at Lansdowne Road. Um beijo, Shaz I LOVE U SO MUCH!). Parei.

Em uma semana já tinha o cd e em um mês já tinha quase todos os outros. Nessa época eu já estava frustrado porque tentei entrar na aula partiucular de violão e não tinha vaga. Então aquele comercial foi a luz. Forcei a barra para me levarem na escola de música e acabou rolando.

Como eu sou alguém que cresceu nos anos 90, amo e compreendo o pop-rock. É e sempre foi minha ponte com o 'mundo normal' da música. Então encontrar uma banda que era POP de verdade com influências celtas era tudo que eu queria. Entrei para minhas aulas na escola de música da Ilha e me dei bem com o instrumento. Cheguei a entrar para a Escola de Música Villa-Lobos também, mas não gostei... Enfim, fique lá na Ilha por uns 6 anos, até trancar e ficar por conta própria:

O mundo da música clássica nunca me encheu os olhos. Acho que é uma atmosfera acadêmica de mais, rigorosa de mais e competitiva de mais. Descobri que violinistas tendem a ser pessoas muito competitivas e de nariz em pé e eu, que sempre fui inseguro e extremamente não auto-confiante não me dei bem com essa atmosfera. Me afastei e fiquei por conta própria, tocando músicas que me interessavam. Algumas tunes irlandesas, melodias minhas etc... Nesse período tentei deixar meu som menos 'método suzuki de violino' e mais 'pessoa aleatória com um violino na mão'. Acho que deu algum resultado, apesar de hoje o meu som ser meio híbrido, "meio lá, meio cá"... Há quem goste e há quem torça o nariz.

O fato é que a vida seguiu, entrei pra faculdade de Letras e foi a melhor decisão que poderia ter tomado. Na faculdade fiz amigos com quem montei minha outra banda (Lagrima Flor), percebendo que a música não ia me largar mesmo. Era pra sempre. Encomendei um violino decente e decidi voltar a estudar a técnica clássica (só pra poder dominar outras posições do violino. BLEH. Estou a ponto de me arrepender. Quarta posição from hell!) e entrei pro curso técnico do Conservatório Brasileiro de Música.

Então foi ano passado que me cadastrei em um forum de música folk. Fiz o tal cadastro para poder baixar um cd de alguma banda da qual não me lembro. Loguei no site, baixei o cd e sumi. De julho de 2008 e e julho de 2009 eu simplesmente não voltei ao forum.

Só o fiz em julho, totalmente por acaso. Então vi que meu login ainda estava lá, feito. Direitinho. Achei engraçado e meramente para testar, postei uma mensagem no espaço de chat perguntando "ninguém aqui quer montar uma banda folk, não?"

Para minha surpresa, um dos moderadores do site respondeu positivamente e ainda disse algo como "mas você nem deve ser do Rio, então deixa". Só que eu sou do Rio. E no dia seguinte eu estava indo ao encontro do moderador (Daniel, o rapaz do apito. Ha!) e do "pessoal da irish jam session".

Uma chuuuuuva caindo e eu indo para a casa de um ser que toca GAITA DE FOLES IRLANDESA encontrar um bando de pessoas aleatórias e loucas, apaixonadas por sonsoridades diferentes.


Descobri que são quase minhas almas gêmeas musicais. Tirando o fato de não curtirem muito um pop-rockzinho (mentira, a Ra e o Aluízio até curtem).

E hoje estou aqui.

;-)


Bjobjo,

Rique